O Fiction Practice é um laboratório de curadoria expandida criado com o objetivo de imaginar novas relações entre objetos e ideias. Aqui vamos desenhar outros mundos, dar vida às impossibilidades, remisturar histórias e artefactos, revelar dimensões paralelas, inventar fabulações críticas, modelar bizarrias ontológicas. Em suma, vamos ampliar as nossas imaginações para pôr em prática possibilidades, prototipar o sobrenatural e refletir sobre como pode a realidade mudar.
Por oposição ao que pode ser considerado uma ficção ‘limpa’, praticada nas pranchas de desenho dos estúdios de design, nas atmosferas simuladas dos renders de computador ou nos ambientes isolados dos estúdios de produção, este laboratório celebra o exercícios ficcionais que têm lugar na realidade tridimensional do espaço expositivo com os seus visitantes. Questiona-se: como pode uma exposição pôr em prática uma ficção? Em que medida pode atualizar possibilidades, tornando-as reais por um dado período de tempo? Através do design especulativo, do Afrossurrealismo, fabulações críticas e pedagogias reeditadas, pensadores e curadores fundamentais do design contemporâneo vão explorar o potencial radical da ficção enquanto instrumento para a mudança social. O laboratório é composto por quatro workshops, cada um com uma personagem diferente e encenando uma instituição ficcional – um arquivo, uma assembleia, um comité e uma escola. Durante o workshop cada uma destas instituições ficcionais ganha vida, dando origem a quatro instalações que estarão abertas ao público numa exposição coletiva. Junte-se ao Fiction Practice, registe-se para fazer parte de um dos workshops. — workshop 1 | 23–27 setembro 2019 [exposição 28 setembro] ASSEMBLY FOR THE EXTRA REAL Por Malique Mohamud e Marina Otero Verzier, com Ibiye Camp Bem-vindos ao domínio do estranho, do absolutamente bizarro, do extraordinário. Bem-vindos ao sobrenatural. Convidamo-vos a imaginarem algo além do que está mesmo à vossa frente; para desenharem outro mundo ao lado deste. Desenvolvendo-se através do prisma do Afrossurrealismo, esta dimensão paralela vai mobilizar e remisturar histórias orais, artefactos deslocados, imagens e batidas circulantes que comentam questões de identidade, poder e formas de representação dentro do espaço da exposição, da instituição cultural e além. A recriação da histórica sala onde a Conferência de Berlim (1884-85) teve lugar servir-nos-á de sede. A sala, onde ficou formalizada a divisão e colonização de África pelos países europeus — conhecida, em inglês, por Scramble for Africa —, bem como o absurdo do acontecimento, estão agora disponíveis para serem reapropriados e rebatidos. Lá dentro, sob o disfarce de curadores, iremos envolver-nos no design e prática da pesquisa, narrativas transmedia e formas de ativismo. Armados de imaginações diaspóricas, o nosso objetivo não é outro senão criar um comité para remexer (scramble) o nosso presente coletivo, começando pelo território da Europa. DIREÇÃO Malique Mohamud é escritor e desiger com um particular interesse pela relação entre urbanismo e cultura de rua. O seu trabalho procura encontrar significado na produção cultural vista pelo prisma da diáspora africana. Autonomia, subversão e relações (enviesadas) de poder são temas recorrentes no seu trabalho. Marina Otero Verzier é arquiteta e diretora de pesquisa no Het Nieuwe Instituut, em Roterdão. Dirige iniciativas de pesquisa como Automated Landscapes, com enfoque nas arquiteturas emergentes de trabalho automatizado, e Architecture of Appropriation, sobre ocupação como prática espacial. Recentemente, curou as exposições Steve Bannon: A Propaganda Retrospective, de Jonas Staal, e I See That I see what you Don’t See Ibiye Camp é uma artista e designer cuja prática explora a identidade e a paisagem. Trabalha entre o Reino Unido e a África Ocidental, usando métodos interdisciplinares de pintura, design de moda, performance e cinema. É autora de uma série de peças de moda pintadas, chamada Such A Fan, inspirada na nostalgia dos anos 90 e nos videoclipes hip-hop, e que celebra as mulheres de cor. Esta série foi apresentada no Victoria and Albert Museum com Gal-Dem em 2016. INFORMAÇÕES Maioritariamente em inglês. Máx. 6/8 pessoas. Para curadores, jornalistas, designers, investigadores, escritores, críticos e praticantes sem educação formal na área; mentes curiosas são bem-vindas. Material necessário: laptop, caderno e câmaras de vídeo (se possível). Workshop grátis; registo obrigatório (pagamento 35 €). — workshop 2 | 23–27 setembro 2019 [exposição 28 setembro] AN ARCHIVE OF IMPOSSIBLE OBJECTS Por Dunne & Raby O Archive of Impossible Objects é uma plataforma para explorar outros sistemas de realidade que expandam a nossa imaginação de formas que nos permitam não apenas imaginar de que modo as coisas poderiam ser diferentes, mas também refletir sobre como as nossas formas de pensar acerca da realidade podem mudar. Neste contexto, “impossível” não significa mais do que o nosso estreito entendimento daquilo que consideramos real ou irreal. Há outros “reais” que permitem a existência de muitas possibilidades diferentes — a literatura, as margens liminares da ciência, as culturas e ontologias não-ocidentais, a filosofia. Quanto aos objetos, aqui pensamos sobretudo em modelos e não tanto em produtos ou protótipos. Modelos enquanto ideias concretas, substitutos físicos de outras realidades, impossibilia, abstracta e bizarrias ontológicas. Este workshop proporcionará um espaço de discussão, partilha e exploração de ideias dentro destes moldes, permitindo a reflexão sobre formas de tornar possível a existência destes espaços numa sociedade, o que podem conter e de que modo podem ser acessíveis a diferentes públicos. Ao longo do workshop vamos desenvolver propostas para novos objetos impossíveis que expandam o arquivo. DIREÇÃO Dunne e Raby utilizam o design para explorar valores alternativos, sistemas de crenças e ideais e o modo como podem ser realizados através de objetos quotidianos, espoletando a reflexão sobre o tipo de mundos em que as pessoas desejam viver. O trabalho de Dunne e Raby tem sido exposto no MoMA em Nova Iorque, no Centro Pompidou em Paris e no Design Museum em Londres, e está em várias coleções permanentes, incluindo no MoMA, no Victoria and Albert Museum e no Austrian Museum of Applied Arts. INFORMAÇÕES Maioritariamente em inglês. Máx. 6/8 pessoas. Para curadores profissionais ou estudantes, jornalistas, designers, da área das ciências sociais, físicos, historiadores, filósofos ou escritores; mentes curiosas são bem-vindas. Material necessário: laptop e caderno. Workshop grátis; registo obrigatório [pagamento 35 €]. — workshop 3 | 23–27 setembro 2019 [exposição 28 setembro] THE ETHICS COMMITTEE OF DARK CONSERVATION Por Dani Admiss e Gillian Russell Com a Prof.ª Ana Sofia Carvalho The Ethics Comitte of Dark Conservation é um gabinete fictício, dedicado a reimaginar formas curatoriais num planeta ameaçado pelo aquecimento global. Através de fabulações críticas e storytelling especulativo construimos um novo e alargado código de ética para a prática curatorial, num contexto de crise ambiental, manipulação genética e dúbias clivagens entre natureza e cultura. Processos de manipulação genética como o CRISPR (Clustered Regularly Interspaced Short Palindromic Repeats) permitiram aos cientistas editar e replicar o código genético de organismos vivos. Animais com genes editados serão brevemente introduzidos na natureza como forma de erradicar pestes e doenças, podendo tornar as espécies resilientes a climas extremos. Se os genes podem ser ‘ligados’ e ‘desligados’, o que pode e deve ser passado à posteridade? A um nível ético, curar e conservar são atividades que se debruçam sobre aquilo que preservamos para as gerações futuras. Os conservacionistas “fazem curadoria” dos mundos ecológicos e os curadores protegem o conhecimento em nome de sociedades futuras. Neste workshop, vamos considerar as questões éticas que emergem do desenvolvimento tecnológico na conservação da vida selvagem e experimentar imaginativamente o potencial que têm para mudar radicalmente a prática da curadoria. DIREÇÃO Dani Admiss é curadora e investigadora e trabalha de forma interligada os campos da arte, do design, da tecnologia e da ciência. A sua abordagem é enquadrada por ideias e práticas de worlding e world-making, utilizando-as como lentes através das quais explorar formas alternativas de práticas curatoriais e sociais, imaginadas e prosseguidas. Interessa-se particularmente pelas interligações que se materializam a partir de amplas tecnologias de mapeamento, e os seus projetos tornam difusas as fronteiras entre quem pesquisa e quem é pesquisado. Guillian Russel é uma antropóloga do design cujos projetos se centram na interação entre o design e os seus contextos críticos. A Prof.ª Ana Sofia Carvalho é diretora do Instituto de Bioética da Universidade Católica Portuguesa. O seu trabalho abrange questões de biotecnologia, ética da saúde e integridade científica. INFORMAÇÕES Maioritariamente em inglês. Máx. 6/8 pessoas. Para curadores profissionais ou estudantes, designers, investigadores, das ciências sociais, geógrafos ou escritores; mentes curiosas são bem-vindas. Material necessário: laptop e caderno. Workshop grátis; registo obrigatório [pagamento 35 €]. — workshop 4 | 23–27 setembro 2019 [exposição 28 setembro] DESIGN AS LEARNING: RE-EDIT Por Jan Boelen e Vera Sacchetti Porquê fazer design? Qual é o propósito do design? Estas são questões prospetivas para uma disciplina criativa que, mais do que nunca, se afigura esquiva a definições. Num mundo de recursos naturais depauperados, sistemas políticos e sociais exauridos, submetido a uma sobrecarga de informação, há muitos motivos urgentes para repensar a disciplina do design e uma necessidade crescente de nos focarmos na formação em design. Aprender e desaprender deveriam tornar-se processos integrantes de uma prática educativa contínua. Precisamos de novas propostas de organização social e de estruturação governativa, novas formas de viver com - e não contra - o planeta, de aprender a separar factos de ficções e de nos relacionarmos com cada um e, sinceramente, de simplesmente sobreviver. Este workshop toma como ponto de partida a publicação Design as Learning: A School of Schools Reader, produzida aquando da 4.ª Bienal de Design de Istambul, A School of Schools. Através de uma série de leituras coletivas, discussões e visitas in situ, vamos olhar para a formação em design através de diversos prismas, considerando de que modo diferentes modelos pedagógicos educativos têm sido implementados ao longo do tempo. Estas leituras, visitas e reflexões serão repensadas e reeditadas para dar forma a novas reflexões e caminhos alternativos para o design, a educação e a formação em design. DIREÇÃO Jan Boelen é diretor artístico da Z33 House for Contemporary Art em Hasselt, na Bélgica, um espaço dedicado à experimentação e inovação e à organização de exposições inovadoras de design e arte contemporânea, e do Atelier LUMA, um laboratório experimental de design em Arles. É curador da 4.ª Bienal de Design de Instanbul (2018). Dirige o departamento de Social Design na Design Academy Eindhoven, na Holanda. Vera Sacchetti é curadora e crítica de design. Faz diversos trabalhos de curadoria, investigação e edição. Integra a iniciativa curatorial Foreign Legion e é cofundadora da agência de consultoria editorial Superscript. Foi curadora associada da 4.º Bienal de Design de Instamblul e conselheira curatorial da Bienal de Design de Liubliana, na Eslovénia. Os seus textos têm sido publicados na Disegno, Metropolis e na Avery Review, entre outras publicações. INFORMAÇÕES Maioritariamente em inglês. Máx. 8/10 pessoas. Para designers, escritores, críticos, curadores e participantes multidisciplinares; mentes curiosas são bem-vindas. Material necessário: laptop e caderno. Workshop grátis; registo obrigatório [pagamento 35 €]. — LOCAL Quinta de Santiago, Matosinhos [ver mapa] — CARTAZ [download] — PARTICIPANT PACK [download]Design Forum decorre da tematização e problematização do tema central da Porto Design Biennale. Trata-se de tecer o mapeamento crítico das tensões pós-milénio e fazer refletir, por um lado, especificidades de caracterização disciplinar, por outro trabalhar linhas de intersecção, conflito, confluência ou consequência entre o design, outros domínios disciplinares e as tessituras políticas,
R. Vila Franca, 134
4450-802 Leça da Palmeira
ter—sex 10:00–13:00 | 15:00–18:00
sáb, dom, fer 15:00–18:00
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